Bovespa dispara no primeiro pregão do ano e fecha em alta de 7,17%
02/01/2009 - 18h21
EPAMINONDAS NETO
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) abriu o ano de 2009 em ritmo de forte alta, mas ainda "abandonada" pelos investidores. Os poucos negócios registrados hoje foram focados nas ações líderes do mercado brasileiro --Petrobras e Vale-- num dia de tom mais positivo nas Bolsas internacionais. O câmbio estabilizou em R$ 2,33.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, avançou 7,17% no fechamento e alcançou os 40.244 pontos, patamar perdido desde 8 de novembro do ano passado. O giro financeiro foi de R$ 2,21 bilhões. No ano passado, a média foi de R$ 5,5 bilhões/dia. A Bovespa amargou retração de 41,22% em 2008.
Nos EUA, a Bolsa de Nova York opera em alta de 2,80%.
Praticamente um quinto do volume total foi movimentado em ações preferenciais da Vale e da Petrobras, que dispararam, respectivamente, 7,44% e 9,66%.
Em Nova York (Nymex), a cotação do barril de petróleo atingiu US$ 46,34, em um avanço de 3,8%, num reflexo da nova escalada de violência no Oriente Médio bem como notícias de um novo corte de produção pelos países membros da Opep (cartel de produtores).
O dólar comercial foi negociado por R$ 2,335, em leve alta de 0,04%. A taxa de risco-país marca 399 pontos, número 4,54% abaixo da pontuação anterior.
"A alta de hoje foi um pouco exagerada", comenta João Carlos Reis, gerente de tesouraria da corretora Prime. O analista aponta entre os fatores que explicam a disparada de hoje, a recuperação dos preços das commodities (matérias-primas), com destaque para o petróleo, o que sempre puxa a Bolsa brasileira. "No dia 31, quando o mercado brasileiro não operou, as Bolsas externas tiveram alta e nós recuperamos um pouco desse atraso hoje", avalia.
Reis comenta ainda que o mercado suavizou um pouco o pessimismo sobre o desempenho para 2009. "Antes, muita gente pensava que o ano como um todo seria muito ruim. Agora já existem projeções de que a economia pode ser mostrar alguma recuperação já no terceiro ou quarto trimestre do ano. Não é o caso do primeiro trimestre, que já está muito comprometido", sintetiza.
Os investidores passaram praticamente incólumes por uma das principais notícias do dia: a forte desaceleração vista no setor industrial americano em dezembro, apontada pelo instituto privado ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês). O indicador desse instituto, que reflete o nível de atividade do setor manufatureiro, teve a sua pior leitura em 28 anos, num mês em que nenhum segmento pesquisado reportou aumento da produção.
No front doméstico, o Ministério do Desenvolvimento revelou que a balança comercial brasileira fechou 2008 com o pior resultado desde 2002, devido ao forte aumento das importações no ano. O superávit da balança (diferença entre exportações e importações) caiu 38,2% em relação a 2007 e terminou o ano passado em US$ 24,735 bilhões.
Apostas para 2009
A corretora Planner divulgou hoje sua carteira sugerida de ações para o mês de janeiro. No rol de sugestões da corretora destaca-se o setor financeiro, com três papéis: Bradesco PN, a "unit" do Unibanco e Redecard ON. O setor energético merece duas menções: CPFL Energia ON e Eletrobras ON.
Os setores de consumo (Pão de Açúcar PN), siderurgia (Usiminas PNA), petróleo e gás (Petrobras PN), alimentos (Perdigão ON), concessões públicas (CCR Rodovias ON) e telecomunicações (Brasil Telecom PN) tiveram uma menção.
Novos índices
A administração da Bovespa anunciou hoje a criação de dois índices setoriais, o Iconsumo e o Imobiliário. O primeiro deve refletir os preços das ações das empresas de "consumo cíclico e não-cíclico", incorporando os papéis de companhias tão diferentes como Ambev (cerveja), Amil (plano de saúde) e B2W (comércio eletrônico).
Já o segundo índice vai acompanhar os papéis de construtoras, refletindo o "boom" de lançamento de ações deste segmento ocorrido em 2007. Neste índice entram as ações da Abyara, BR Malls e Agra, entre outras.
No primeiro pregão de 2009, o Iconsumo subiu 4,46% enquanto o Imobiliário ascendeu 6,80%.
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