PanAmericano vira 'mina de ouro' para o BTG
O Globo - 02/03/2011
Banco, comprado por um terço de seu patrimônio, tem R$2,5 bi em créditos tributários a receber
SÃO PAULO. A compra do controle do PanAmericano pelo BTG Pactual está se revelando mais um negócio de ouro fechado pela instituição comandada por André Esteves. Se adquirir o banco do apresentador Silvio Santos por apenas R$450 milhões (um terço do seu patrimônio), com o compromisso da Caixa Econômica Federal de repasse de R$8 bilhões em linhas de crédito, já havia sido uma grande tacada, a descoberta de que o PanAmericano tem cerca de R$2,5 bilhões em créditos tributários a receber dá ainda mais brilho à transação. A existência desses créditos, revelada ontem pelo jornal "Valor Econômico", teria sido levada em conta pelo BTG Pactual antes de concordar em comprar o PanAmericano, no início do mês passado, embora exista a possibilidade de contestação da Receita Federal.
De qualquer forma, a descoberta dos recursos é mais um lance do processo de salvamento do PanAmericano, conduzido pelo Banco Central junto ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC, entidade privada mantida pelos bancos). Desde a revelação do primeiro rombo, de R$2,5 bilhões, nas contas do PanAmericano, em novembro do ano passado, o FGC já despejou R$3,8 bilhões para evitar a liquidação.
Fundo desembolsou R$7,3 bi na operação socorro
Para viabilizar a venda do controle do PanAmericano ao BTG Pactual, o FGC se comprometeu ainda a comprar R$3,5 bilhões em carteiras de crédito do banco para ajudar na recomposição de seu patrimônio, que, em dezembro, resumia-se a R$190 milhões. Somente o fundo desembolsou R$7,3 bilhões para manter o PanAmericano de pé.
Segundo o "Valor", o FGC ainda teria concordado em ceder a carteira do PanAmericano ao BTG Pactual, recebendo em troca letras financeiras. Procurados, tanto o FGC como o BTG Pactual informaram que não comentariam as operações. Mas, dependendo das condições acertadas, a troca poderá funcionar como antecipação de receitas ao BTG, já que as letras são papéis de longo prazo e podem ter vencimento mais longo que o da média da carteira do PanAmericano.
A direção do PanAmericano, que confirmou a existência dos R$2,5 bilhões em créditos tributários, também não quis comentar o assunto ontem.
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